Foto - Pexels / Magda Ehlers

Qual a origem do peru?

23 de dezembro de 2021
Por – Gustavo

Todos os anos a mesma coisa acontece: os supermercados forram suas prateleiras com perus para saborearmos nesta data querida. Por que não galinha, frango, ganso, pato ou qualquer outra ave?

Tudo começou com os índios norte-americanos, que criavam o peru em suas aldeias. A ave sempre era servida em suas oferendas pois era considerada um símbolo de fartura, devido ao fato de ser uma ave grande e que pode alimentar muitas pessoas.

Quando os espanhóis foram até a América para colonizar o México, conheceram o peru e acabaram levando-o para a Europa, onde o consumo de aves nobres era muito comum. A partir do século 16, ele começou a ganhar muita popularidade no continente europeu, substituindo até o cisne na Inglaterra em comemorações.

Nos EUA, no Dia de Ação de Graças do ano de 1621, ele foi servido pelos índios como prato principal. A população americana gostou tanto que o adotou como refeição obrigatória nesse dia festivo.

A inserção do peru nos continentes europeu e americano, incluindo o Brasil, na data do nascimento de Cristo acabou fazendo com que a janta de Natal
passasse a ser considerada uma ceia, um ritual que passou a ser entendido como símbolo de sucesso, devido à abundância e fartura da refeição.

História do peru na ceia de Natal

Entre os astecas, a prática do canibalismo era habitual. O Estado asteca fazia a guerra para se alimentar dos prisioneiros, num ritual prévio onde ao Deus Sol eram oferecidos sacrifícios humanos. Mas a dieta não ficava exclusiva à carne humana. Eles também se alimentavam de animais possíveis de serem encontrados nos seus domínios: os cães e os perus. Os perus eram criados pelos índios, atividade bastante antiga, com clima propício para a prosperidade desta criação. Geralmente os astecas cozinhavam o peru acompanhado de cebola, alho-poró e molho à base de pimenta vermelha.

Em 1518, quando do início do contato entre os índios e espanhóis no processo colonizador do México, F. Cortez tomou conhecimento do peru como ave para alimentação exposta no mercado de Tenochtitlán, capital asteca, trazendo, após, alguns exemplares para a Europa. O peru também vivia em estado selvagem nos bosques do Canadá. Foi ao longo do século XVI que a Europa descobriu essa ave, um pouco estranha, que foi chamada de “galinha da Índia”, pois muita gente ainda confundia a América com as Índias Ocidentais.

Os jesuítas a introduziram como prato em seus colégios religiosos. A Inglaterra tomou conhecimento da ave em 1525, sendo que rapidamente constituiu-se no prato principal da ceia de natal entre alguns países europeus, e somente após na América do Norte. Para Brillat Savarin, o peru foi um dos mais belos presentes que o Novo Mundo ofereceu ao velho Continente. Em meados do século XIX o peru, praticamente, substituiu o cisne como ave de natal na Inglaterra, popularizando-se definitivamente.

A introdução e fixação do peru como prato principal na Europa e nas Américas, incluindo o Brasil, na comemoração do nascimento de Cristo, transformou o ritual do jantar de Natal em ceia. A abundância, e mesmo a extravagância, caracterizam a essência do momento da ceia de Natal, pois este ritual passou a ser entendido como expressão simbólica do sucesso frente aos ditames da vida cotidiana ao longo do ano.

Em alguns lares, o chefe da família é convocado para trinchar o peru assado e dividi-lo entre os presentes. E neste ritual prevalece a hierarquia entre os convidados bem como as deferências, pois as ofertas das partes do peru, e mesmo de outros assados, eram graduadas segundo a posição social dos convidados.

No Brasil, além do prato, o peru tornou-se bastante popular como o número 20 no jogo do bicho, e como tema de música de carnaval.

Carlos Roberto Antunes dos Santos é professor Titular de História do Brasil, área de História da Alimentação.

FONTE – http://www.historiadaalimentacao.ufpr.br/artigos/artigo005.htm

Deixe um comentário

Deixe um comentário